Semanalmente, Marineide leva o filho Miguel Júnior, de 21 anos, ao Centro Estadual de Referência às Pessoas com Anemia Falciforme Rilza Valentim, no bairro do Garcia, em Salvador, para realizar curativos, transfusões de sangue ou consultas médicas, como fez na tarde desta quarta-feira (3). A doença genética foi diagnosticada no teste do pezinho, logo após o nascimento e, há 15 anos, eles seguem uma rotina de tratamento, que agora acontece em novo endereço, desde o dia 13 de março, quando o prédio foi inaugurado pelo Governo do Estado. O Centro, o primeiro sob a gestão pública no país, está sob responsabilidade da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado da Bahia (Hemoba).
“Esta mudança está fazendo toda diferença. Eu já pensava que deveria ter um centro para o portador de anemia falciforme, com um olhar diferenciado para os pacientes, porque é uma doença de origem negra, e o negro não tem tanta visibilidade, principalmente se tratando de saúde”, declarou Marineide. A mãe do paciente considerou um avanço as mudanças na estrutura e ampliação do atendimento. “São algumas pequenas coisas que as pessoas podem pensar que não faz diferença, mas faz”, concluiu.
Quem também aprovou a nova estrutura foi Miguel. Os cuidados constantes e a convivência com médicos, enfermeiros e outros profissionais o estimularam a seguir carreira na área de saúde. O jovem está terminando o curso de Farmácia. “Vai, sim, ajudar muito, pelo conhecimento medicamentoso que eu estou adquirindo”, acredita o universitário, que faz curativos semanais, transfusão de sangue uma vez por mês e consultas a cada 120 dias.
Robert Pereira sai do município de Monte Santo, no nordeste baiano, todo mês, para pegar medicações na farmácia do local, que também dispensa remédios para outras doenças hematológicas benignas hereditárias, como a hemofilia, que provoca dificuldades na coagulação do sangue. “Ficou muito melhor, porque o lugar é mais perto de onde eu fico em Salvador e o atendimento está mais rápido também”, avaliou.
Estrutura completa
Além dos consultórios, farmácia, sala de transfusão, agência transfusional, o espaço também conta com sala de fisioterapia e até brinquedoteca para as crianças em tratamento. Ao todo, são cerca de seis mil pacientes cadastrados, que tiveram o atendimento ampliado em 25% da capacidade, com a inclusão de outras especialidades em saúde. O atendimento no centro é totalmente gratuito e para pacientes de todo o estado.
A doença falciforme se apresenta, principalmente, com sintomas como anemia crônica e dor severa, que decorre da má circulação sanguínea, sendo, ainda, das condições genéticas e hereditárias mais comuns no mundo. A Bahia tem grande incidência da doença, considerando que mais de 76% da sua população é composta por negros. O estado é seguido pelo Rio de Janeiro em número de casos.
Atendimento Multidisciplinar
De acordo com a médica hematologista, Jamile Nicanor, integrante da equipe formada por 141 profissionais, o centro ampliou o atendimento que a Hemoba já fazia aos pacientes com anemia falciforme em 25% da capacidade. “A gente já tinha hematologista e ampliou o número de especialistas na área, além de atendimento com psicólogo, nutricionista, dentista, fisioterapia, e agora nós estamos com outras especialidades médicas como ortopedia, neurologia e cardiologia”, explicou a profissional.
O Centro Rilza Valentin funciona das 7h às 19h, com assistência multidisciplinar aos pacientes. Para ser atendido, é necessário passar pela triagem hematológica, para uma avaliação específica. Após isso, o paciente solicita atendimento, a partir do envio de um e-mail para ambulatorio.triagem@hemoba.ba.
Fotos: Matheus Landim/GOVBA
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